Os pesquisadores do GT Integração regional e unidade latino-americana e caribenha de CLACSO, abaixo-assinados, vem manifestar o seu repúdio aos processos de desestabilização do governo da Presidente Dilma Rousseff, que pretendem impor um golpe de Estado no Brasil. 

A desestabilização faz parte de uma ampla ofensiva internacional do imperialismo e seus aliados locais, de cerco e deposição dos governos de esquerda e centro-esquerda na América Latina e Caribe, buscando destruir conquistas sociais e violar a soberania nacional para impor um novo padrão regulatório neoliberal alinhado aos Estados Unidos. Trata-se de superexplorar e retirar de direitos dos trabalhadores, desnacionalizar recursos naturais estratégicos, como o Pré-Sal, isolar governos populares sul-americanos, desmontar os avanços na integração regional latino-americana e o desenho de uma geopolítica do Sul, que vem ganhando forte projeção com os BRICS

O projeto de golpe de Estado e de regime de exceção se desenvolve em vários níveis: 

a) Na tentativa de deposição do governo de Dilma Rousseff, sem a existência de crime de responsabilidade por parte da Presidente que lhe dê respaldo constitucional; 

b) Na perseguição ilegal ao ex-Presidente Lula, manifesta na violação pública do seu direito à intimidade, no uso ilegal de coerção policial para colher seu depoimento judicial e na formulação de acusações sem qualquer prova de infração, com o objetivo de cassar os seus direitos políticos e impedir a sua candidatura à Presidência da República em 2018; 

c) Na pretensão de impor o parlamentarismo como regime político, extinguindo as eleições diretas para chefe de governo, por emenda constitucional, sem plebiscito, violando o princípio da soberania popular; e

d) Nas tentativas de criminalização dos movimentos sociais

Esta ofensiva se desenvolve a partir da articulação entre os monopólios privados dos meios de comunicação, em particular a Rede Globo de Televisão, e segmentos do Poder Judiciário e de um Parlamento fortemente comprometido com as grandes empresas e os delitos financeiros. Trata-se de utilizar a manipulação midiática da informação para gerar mobilizações de massa fascistas que amparem a violação da Constituição brasileira pelo Parlamento e o Judiciário, como tentou-se sem sucesso em 2002, na Venezuela, e logrou-se em 2009, em Honduras, e em 2012, no Paraguai. 

Para responder a estas ameaças, o governo Dilma deverá impulsionar uma ampla mobilização popular em torno da defesa da legalidade, do aprofundamento das conquistas sociais e de uma agenda de desenvolvimento. Este é o único antidoto para barrar o regime de contra-insurgência que o imperialismo e a burguesia associada e dependente querem impor sobre a democracia reconquistada a sangue, suor e lágrimas, pelo povo brasileiro, na segunda metade dos anos 1980.

Alycia Puyana, Economista FLACSO – México Alexis Saludjan, Economista UFRJ – Brasil Camille Chalmers, Economista, Universidade de Porto Príncipe – Haiti Carlos Eduardo Martins, Cientista Político, UFRJ – Brasil Carlos Serrano Ferreira, Cientista Político, UFRJ – Brasil Dario Salinas Figueiredo, Sociólogo, Universidade Iberoamericana – México Didimo Castillo, Sociólogo, Universidade Autônoma do Estado do México Eugenio Espinosa, Sociólogo, FLACSO – Cuba Flavia Lessa Barros, Cientista Política, UnB – Brasil Gerardo Caetano, Historiador e Politologo, Universidade da Republica – Uruguai Gisele Lorena Gonzalez, Socióloga, Unicolombo – Colômbia Idilio Mendez Grimaldi, Economista, SEPPY – Paraguai Jaime Preciado Coronado, Sociólogo, Universidad de Guadalajara – México Jorge Marchini, Economista, CIGES – Argentina Judite Stronzake, Pedagoga, Escola Nacional Florestan Fernandes – Brasil Julian Khan, Historiador, Universidad de Buenos Aires – Argentina Lourdes Regueiro, Economista, Centro de Estudios de las Americas – Cuba Mariana Aparicio Ramirez, Economista, Flacso – México Maribel Apunte Garcia, Economista, Centro de Investigaciones Sociales – Porto Rico Olga Maria Zarza, Socióloga, Centro de Estudos Rurais Interdisciplinarios – Paraguai. Orangel Rivas, Economista, Ministerio de la Planificacion – Venezuela Orlando Caputo Leiva, Economista, REDEM – Chile Oscar Ugarteche, Economista, ALAI – Peru Ramon Torres, Embaixador Itinerante do Equador – Equador Raphael Padula, Economista, UFRJ – Brasil Roberta Traspadini, Economista, UNILA – Brasil Silvina Maria Romano, Cientista Política, UNAM – México Verena Hitner, Socióloga, Centro de Estudios de Desarrollo – Venezuela Wagner Iglecias, Cientista Político, USP – Brasil