2/10/2018 – Nota do LEHC a um mês da tragédia do Museu Nacional
O Laboratório de Estudos sobre Hegemonia e Contra-Hegemonia (LEHC/UFRJ) vem neste um mês da tragédia do incêndio do Museu Nacional expressar sua solidariedade com os trabalhadores – terceirizados, técnicos e professores –, com os estudantes e com sua direção. Também nos solidarizamos com o conjunto da comunidade universitária, da qual o Museu Nacional faz parte, que além de chorar suas perdas tem que suportar os ataques dos tubarões de ensino e neoliberais. Queremos nos solidarizar, por fim, com todo o povo do Rio de Janeiro, que perdeu aquele museu que era o verdadeiro museu da comunidade do grande Rio, principalmente dos mais pobres e dos subúrbios, que construíram em torno desses duzentos anos de história do museu as suas próprias histórias, em um palácio que um dia abrigou a família imperial, e que agora abrigava os afetos de tantas famílias do povo.
A destruição do Museu Nacional é uma tragédia para todo o povo brasileiro, mas também de toda a Humanidade. Perdeu-se grande parte do quinto maior e mais importante acervo do mundo. Calaram-se as vozes de povos que já não existem mais, perdeu-se o testemunho material deixado pelos trabalhadores de antigas civilizações.
Esta tragédia não era inevitável. É mais um dos resultados destrutivos da política neoliberal de sucessivos governos, em todas as esferas. A política de cortes no investimento das universidades públicas e na cultura é um dos seus elementos. Como também o é a transferência de recursos públicos para as universidades privadas e instituições de cultura privadas. Ergueu-se um Museu do Amanhã com verbas públicas para atender os interesses da Fundação Roberto Marinho, enquanto o Museu Nacional tentava sobreviver como podia.
O abandono do Museu Nacional espelha a repulsa que os neoliberais tem contra uma instituição que produzia ciência e cultura de forma gratuita e de qualidade, ao serviço do povo. O incêndio foi enxergado vergonhosamente pelo atual governo golpista como “uma janela de oportunidades” para destruir com toda a política nacional de museus e para transferir os museus ao setor privado para atender a fúria de lucros dos grandes empresários. Esperamos que a tragédia do Museu Nacional não seja rapidamente esquecida, em meio ao turbilhão de tragédias e retrocessos que ocorrem em nosso país. Por isso, o LEHC/UFRJ marca este um mês afirmando que o Museu Nacional vive e afirmando o seu compromisso com a luta em defesa da universidade pública e com a cultura, contra o neoliberalismo e as privatizações.
1/10/2018 – Nota do LEHC/UFRJ a um ano do referendo independentista na Catalunha
O Laboratório de Estudos sobre Hegemonia e Contra-Hegemonia (LEHC/UFRJ) vem nesta data em que se completa um ano do referendo da Catalunha se solidarizar com esse povo em seu direito à autodeterminação nacional e expressar sua repulsa à política de repressão. Há um ano assistimos estupefatos a brutal repressão policial realizada pelo governo de Madrid contra um povo que queria, de forma pacífica e por meio de uma votação tranquila e organizada, decidir seus próprios destinos.
O LEHC/UFRJ acredita que o princípio da autodeterminação dos povos, que entra em cena de forma concreta pela primeira vez há pouco mais de cem anos com a Revolução Russa, é uma conquista do Direito Internacional e da Humanidade, um sinal de progresso civilizacional que deveria ser tido em conta por todos os Estados. Graças à esse princípio o Terceiro Mundo deu os seus primeiros passos de libertação, ainda que incompleta, faltando a libertação econômica.
O LEHC/UFRJ quer marcar com ênfase seu repúdio à forma antidemocrática que a Monarquia espanhola vem tratando a questão, mantendo depois de vários meses nove presos políticos e forçando outros políticos independentistas ao exílio, trazendo lembranças de um passado recente de trevas fascistas.
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